quarta-feira, julho 20, 2022

Mergulho nocturno.

 

 

 

 Deixámos de existir no nós que criámos. As palavras fecharam-se dentro de mim e não chegam mais a ti. E o que eu faço agora? Esqueço tudo o que planeámos? Eu não sei o que fazer com os planos do nosso futuro destruído. Devo transformar tudo em nada? Mas deixarmos de ser nós e passarmos a ser tu e eu não significa que nunca existimos. Se somos agora passado, remete ao presente que fomos. Mas a verdade é que eu não consigo aceitar que tudo o que existe acaba um dia. Tudo acaba por muito que eu não queira. Mesmo que deseje com toda a força do meu coração que as coisas sejam eternas, o abandono cola-se sempre á minha sombra. O que doeu com uma força nunca antes igual foi quando deixámos de falar. Na madrugada, quando desligaste a chamada e deixaste-me sozinha nas ruas da cidade a chorar, o peito quase abriu sobre mim embrenhado na dor dilacerante. O que se passa na tua mente? Eu realmente não signifiquei nada para ti? Eu nunca pensei que tivesses coragem de ignorar tudo o que vivemos juntos. Sabias perfeitamente o quanto eu te amava e o quanto as tuas acções teriam consequências e eu jurava que o que tínhamos era único, mas mesmo assim isso não te impediu de partir-me o coração. E o pior é que eu estaria a mentir a mim mesma se dissesse que fiquei surpreendida, apesar de ter tido muito medo de estar certa, mas infelizmente eu estava. E agora, extremamente decepcionada, eu preciso pensar em tudo o que eu queria fazer se algum dia deixássemos de ser nós. Eu nunca imaginei que iria sentir-me tão destroçada mas sei que serei forte para lidar com toda a dor que o meu coração rejeitado acarreta neste momento. Apesar de tudo, eu jamais conseguiria odiar-te e peço-te agora que sigas o teu caminho. Mesmo tendo sido tu  a pessoa que me arrasou de uma forma cruel, eu não consigo esquecer a pessoa que mais amei na vida.

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