Estou repetindo inúmeras vezes até ao meu coração entender que às vezes eu vou ter que ir embora mesmo com imensa vontade de ficar. Ele precisa perceber que amar nem sempre é permanecer. Eu
sei que dizem que precisamos lutar pelo amor, insistir até o fim e nunca desistir, mas eu não concordo. Se o amor que sentes
por alguém destrói o teu amor próprio, então precisas sim ir
embora. Se a angústia pesa, magoa e faz-te mal, não importa o
tamanho do amor que tu sintas, precisas sim de afastar-te. Porque na verdade é bem simples: só amor não é suficiente. Por muito que eu ame com todo o meu
coração, sei que aquela pessoa não me faz bem. Ainda que te ame muito e, por
diversos motivos, preciso fugir. A verdade é que não é porque tu amas uma pessoa que vocês vão necessariamente ficar juntos. Não é porque tu amas alguém
que vais, necessariamente, ficar na vida da pessoa. Às vezes ir
embora é a melhor opção. É que amar nem sempre é permanecer. Às vezes
amor (próprio) é ir. Deixar ir quem na quinta ama-me e na sexta parte-me o coração. É deixar ir quem já não faz questão de ficar. E só eu sei o quanto eu quis que a nossa história desse certo. Eu dei o meu melhor, aceitei as tuas desculpas inúmeras vezes e confiei na nossa história. Eu quis acreditar em ti mesmo quando não existiam mais motivos para isso. Até que eu finalmente percebi que o amor que eu sentia por ti não deveria mais ser uma justificativa para fazer-me insistir em nós. Não é porque eu amo-te que devo manter-te na minha vida.
A verdade é que eu sinto-me exausta. Faltam-me as forças depois de tanto investir em quem nunca soube amar-me. Cansei-me de ignorar a minha intuição e de sempre magoar-me ao final de cada noite. Estou cansada. E cansei-me porque quem ama também cansa. Quem ama também desiste e vai embora. Só que antes de eu ir embora, eu tentei muito consertar. Tentei explicar como me sentia, pedi que mudasses os teus comportamentos, tentei fazer-te perceber como eu me sentia excluída da tua vida. Mas foi tudo em vão. E a cada novo erro teu eu preparava-me para o nosso fim. Até que chegou o dia em que tu me perdeste. Mas nós dois sabemos que não foi por falta de aviso. Eu dei-te sinais e lutei muito antes de ir embora. Tu sabes perfeitamente disso. Tu tens consciência disso porque eu disse várias vezes o que me partia o coração. Mas no fim de cada noite, a amnésia tomava conta de ti e escolhias fazer mesmo sabendo o quanto me magoava. A verdade é que eu te mostrei que tu ias perder-me. Cada conversa nossa era um aviso. Mas era como se tu não te importasses, afinal, tu repetias sempre os mesmos erros. Sempre. E cada vez que tu ignoravas os meus sinais, eu ficava mais decidida a tirar-te da minha vida. Até que um dia eu realmente escolhi o nosso fim.
Por isso, agora não adianta pedir desculpas, chorar, esperar na porta da minha casa, nem nada disso. Não adianta fazer promessas porque eu já sei que é da boca para fora. Tu perdeste-me. Não existem palavras, declarações de amor, promessas de passeios românticos ou pedidos de desculpas que me façam voltar atrás. Eu insisto muito, mas quando eu desisto, é uma vez só.
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