Eu queria poder voltar ao início, quando te conheci. No momento em que nos perdemos um do outro, descobri que as nossas memórias permaneceriam nas nuvens mas os meus pés voltaram a pisar o chão. E eu sei perfeitamente que deveria esquecer-te, mas porque motivo não consigo sentir remorso por tudo o que vivemos? Morríamos um pouco quando entrávamos simultaneamente em erupção no decorrer nas nossas acesas discussões e era tudo menos justo para os nossos corações. Depois de todos os danos que causaste na minha alma, porque só consigo recordar-me de como me sentia na tua presença? Só consigo recordar como o meu coração batia de felicidade, como o meu olhar brilhava ao teu lado, como o sangue efervescia sempre que os teus lábios pronunciavam o meu nome ou algum elogio. Como pude eu esquecer-me de todas as maneiras que usaste para destruir-me? Eu queria tanto não sorrir quando penso em ti, mas deixaste em mim momentos que não consigo arrancar do peito. E no silêncio da noite eu choro, não de raiva, mas por vergonha de sentir-me assim. É extremamente difícil saber que continuas a existir no mundo lá fora e não em mim. É mais doloroso porque eu não te odeio, jamais conseguiria. E eu tento voltar aos nossos momentos e reviver todos os instantes felizes no meu ser. Por ti eu era cega e fechava os olhos a todos os avisos de desastre. Acelerava constantemente sabendo que acabaria por bater de frente contra uma parede. Só queria ser possível pedir-te um último desejo: numa próxima reencarnação tenta deixar-me um pouco mais destruída e amargurada, para que esquecer-te e deixar de amar-te seja mais fácil...