domingo, junho 12, 2022

Maldita hora.

 

Maldita hora em que permiti que entrasses na minha vida. Deixei-te insistir e com as tuas leves investidas, o meu coração foi afastando a armadura que o protege. Permiti que as tuas doces palavras convencessem o meu peito que era amor que sentias por mim. Acreditei no que proferias por ser tudo o que eu queria ouvir e preferi afastar a voz da intuição que gritava para fugir de ti. No início eras exactamente como um amor deve ser: querido, atencioso, companheiro, amoroso, intenso e quase perfeito. Conforme foste atentando contra o meu pobre coração e eu cedendo contra a minha vontade, todas as qualidades começaram a desvanecer-se. Assim que fiquei rendida a ti, desapareceram as promessas de fazer-me feliz, de sacrificar tudo o que que magoava e comecei a sentir-me excluída da tua vida. Sentia-me sozinha perto de ti e a dor de ter-te a meu lado começou a ser muito mais excruciante que a dor da saudade. A tua companhia que outrora fazia-me delirar agora é apenas um resquício de dor, de mágoa e a lembrança de como, agora, nunca serei suficiente aos teus olhos, mesmo que te dê o mundo. Deixei de ser prioridade e o teu amor de todos os instantes e comecei a ser apenas alguém para as horas vagas. Este amor que sinto não é o que basta para manter-me aqui, á espera de um futuro a dois que nunca será da maneira que sonhei, e muito menos, da forma que me prometeste. Deixa-me ir, peço-te. Não me voltes a dizer que não permites que eu parta. Estou tão cansada de sentir-me e ser-me assim neste amor que não o é. Quero voltar a ser livre das amarras de um sentir que me tortura. O amor não deveria ser assim. Não foi assim que me mostraste ser o teu sentir por mim no início. Deixa-me partir, imploro-te. Por mim. Por ti. Por nós. Maldita hora que entraste na minha vida...

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