Eu gostava de poder contar-te tudo. Gostava de contar-te que tenho dificuldade em dormir e que deito-me sempre tarde. Gostava que soubesses que tenho muitos monstros e são eles a causa das minhas insónias. São eles a causa das olheiras que teimo em não ter, são eles as causas das manhãs de mau humor, são eles a causa de tudo. Gostava de contar-te que alguém um dia fez de mim o que quis e o que eu não quis. Alguém passou por mim, levou tudo e deitou-me abaixo. Sou como um prédio em ruínas que acaba por cair e não tem reconstrução. Gostava que soubesses a razão de eu ser tão má para as pessoas, de eu magoar toda a gente. Gostava que soubesses que me destruo todos os dias e que me afogo em pensamentos, queimo-me em memórias e rasgo-me em paranóias. Gostava que um dia alguém soubesse tudo sobre mim, os meus defeitos e virtudes, e ainda me considerasse suficientemente boa. Gostava de contar-te todas as minhas histórias e, sobretudo, ouvir as tuas. Gostava que lesses tudo o que escrevo e que soubesses que desde o mês passado, és tu a minha inspiração. Gostava que ouvíssemos a minha música enquanto eu pensava em quão longe os monstros estão sempre que estou contigo. Gostava que trouxesses no peito a mesma intensidade que eu albergo no meu. Gostava que deixasses de sentir calma e te inundasses de loucura. Acalmaria sem dúvida os dramas incessantes que correm na minha mente sem parar. Eu gostava mesmo que fosses mais como eu.
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