quarta-feira, agosto 04, 2021

Upon myself.

 

 

Estou novamente a fingir que são refúgios, as pessoas. Logo a seguir a emoção adormece e a razão grita-me que nunca vou encontrar vivalma que se torne asilo por mim só porque eu desejo com toda a força do meu coração. Raios de sol vão nascendo, repletos de nostalgia, e amores que deixei vão sendo varridos pelas forças do vento. Esta vida que já não é vivida sabe a alguma coisa por entre o trago de café para despertar, que vai passando por mim e alimentando a minha alma com réstias de esperança no amor. Substituir amor por café é algo tão meu. Enquanto penso para mim mesma que nunca sairei deste buraco negro, faço amor com as palavras e a minha escuridão torna-se melodia no papel para que nunca se desligue a canção dos corpos entrelaçados no calor do desejo e perdidos no já derretido gelo das almas como a minha que se deixaram morrer por aí. É tão belo saber que há amor na morte e que há quem ainda morra de amores. Belo no sentido macabro da existência que venera a morte, belo como alguém que mergulha no fundo do mar e esquece-se de voltar á superfície para respirar. Há vidas que merecem ser exauridas a cada segundo, e vidas que os segundos são círculos repletos de nada. A minha é uma opção sem segundas oportunidades e sem segundos contados. Gostava de ser-me todos os dias, e gostava que gostassem do que sou; do que sou realmente e não do que faço ser para que fiquem apenas mais uns instantes. Amanhã vou novamente acordar (se chegar a adormecer) e acreditar mais uma vez que o mundo vale a pena e a escuridão sou eu, um coração destruído pela brisa de almas cortantes e sussurros escondidos no armário dos silêncios. Um dia, digo eu. Um dia, talvez. O que as pessoas não sabem é que respiro a sério e inspiro, suspirando por um dia em que eu renasça e que começe a amar e receba amor de volta.


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