segunda-feira, julho 07, 2014

Morte.



A morte é tudo menos serena... Descrevo com estas parcas palavras,  não a separação real de corpo e alma, mas a dor associada á rejeição, a angústia que resta dentro de ti após sofreres uma perda irreparável. Quando o espírito que é alvo de toda a tua afeição, objecto do teu desejo e amor inquestionável, pede-te encarecidamente que sejam novamente estranhos, que voltem a ser apenas pedaços de desconhecido que jamais se cruzaram. Pede-te, sem imaginar o tamanho da agonia que atravessa o teu coração, que esqueças todas as vezes que os vossos olhares se encontraram e esses mesmos momentos em que o silêncio falou mais alto. Tens então, contra a tua vontade, que ensinar o teu íntimo a olvidar todos os momentos em que a felicidade percorreu o teu corpo, o teu coração bateu mais forte e as palavras dele permaneceram no contínuo do tempo. Não é uma tarefa fácil, nem tenho a certeza se será exequível, mas sem dó nem piedade, negaste o meu amor por ti, rasgaste as minhas declarações e correste noutra direcção. A morte, a morte espiritual é, sem dúvida, muito mais cruel que outra qualquer, e o sangue que pingou dos meus olhos naquelas lágrimas derramadas por ti e para ti, o coração que definhou perante a tua frieza, o corpo que relembrou e recusou vezes sem fim o teu toque, os lábios que se recriminaram por quererem os teus; são provas incontornáveis do teu crime. A serenidade não mora aqui e creio, quase juro, que jamais voltará a habitar o meu ser.

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