quinta-feira, julho 10, 2014

Éramos diferentes.








Nós éramos e tínhamos tudo o que poderíamos ser e querer. Partilhávamos olhares lânguidos e duradouros, roubávamos beijos fugidios, fortalecíamos a nossa amizade, apoiávamo-nos mutuamente e mesmo assim, perdemo-nos um do outro. Lutei com todas as minhas forças para que permanecesses. Na minha mente eu sabia que eras tu o único amor da minha vida. aquele com quem eu deveria experenciar tudo pela primeira vez. Tu sabias como arrancar-me sorrisos, como deixar-me em lágrimas e dar-me ânimo sempre que os meus dias corriam mal e eu não lhes conseguia dar a volta. Sempre foste a minha réstia de esperança, a minha luz ao fundo do túnel. Algo por que ansiar, algo que eu sempre quis dizer que era meu. Queria desesperadamente ganhar o teu amor. Mas ela sempre esteve no meu caminho. A forma como ela olhava para mim costumava deixar o meu estômago transtornado. Ela sentia-se ameaçada pela maneira como tu olhavas para mim e eu retornava esse mesmo olhar. Ela não sabia como impedir-nos de falar porque era algo que surgia e fluia naturalmente para ambos. Estiveste sempre recatado na profundidade das minhas memórias e eu sei que também estive nas tuas.
Ela partiu-te o coração, ouvi dizer, e eu, que já havia antecipado tal prenúncio, estava preparada para repará-lo e esse foi o nosso primeiro tremendo erro. Eu queria ganhar o teu amor mas não queria conquistá-lo como uma forma de compensação. Não estavas preparado mas apaixonaste-te por mim de forma tão penetrante e feroz como eu por ti. Aquele primeiro beijo foi tudo o que sempre esperei de um beijo teu que nele contivesse faíscas de amor. Poderia ter durado segundos ou horas e ainda assim, eu não saberia a diferença- Foi um beijo que estremeceu-me e enfraqueceu-me de alegria, excitação e antecipação pelo significado nele guardado. Naquele momento, nada mais importava. Sentia que o mundo inteiro tinha caído num abismo no instante que os nossos lábios se encontraram e os teus braços acolheram-me no seu calor. Foi, certamente, um dos momentos mais felizes da minha vida. Poderia descrever cada momento daquele dia com detalhes extremos porque foi o dia que te tornaste meu.
Costumávamos falar diariamente e trocar infinitas mensagens até nos perdermos no quotidiano um do outro. Ouvir a sua voz era o que eu ansiava todos os dias. Estar em qualquer outro sítio era quase insuportável estando ciente que poderia estar entrelaçada nos seus braços fortes com o mundo distante no horizonte.Ele conhecia-me melhor do que eu me conhecia.
Eu amava-o e o que sentia estava cicatrizado em cada centimetro do meu corpo, em cada músculo, em cada tendão, cada fibra do meu coração estava interligada a ele de cada maneira possível. Ele era todas as formas de carinho que a minha vida desejava e o apoio emocional que eu tantas vezes necessitava.
Entretanto, e contra a nossa vontade, a vida mudou-nos. A distância interpôs-se-nos mais do que fisicamente. Eu mudei. Ele estava diferente. Seria possivel que duas pessoas permanecessem envoltas em segurança quando o mundo á sua volta se desmorona? Era o que começava a sentir quando estávamos juntos... como se o chão me estivesse a fugir por debaixo dos pés.  Sentia-me sufocada, encurralada, como se tivesse um peso constante na minha cabeça. Pensava que conseguiriamos ultrapassar qualquer coisa juntos, julgava que o nosso amor nos guiaria através de qualquer obstáculo que encontrássemos pelo caminho.
Mas eu sabia perfeitamente que ele nunca poderia ser meu. De repente, a ideia de tê-lo na minha vida já não fazia sentido algum. Ele visitava-me no meu porto seguro, num lugar que eu tinha criado sem a sua existência. Tentei que tudo resultasse, mas faltava-lhe a paixão  e determinação que me alimentavam a alma. Os objectivos que para ele eram inalcancáveis. Tive que deixá-lo ir e por isso peço desculpa, mas tornámo-nos incompativeis. Sei que jamais voltarei a ser tocada pelo amor da mesma forma e por isso estar-lhe-ei eternamente grata, mas a minha existência é demasiado valiosa para prender-me a algo que não me faz feliz...

1 comentário:

claire disse...

isto inspirou-me. lindo