sábado, julho 12, 2014

Não deverias ter saído da minha vida.




Não deverias ter saído da minha vida. Estávamos destinados a nos reencontrar novamente. Eu seria mais velha e mais confiante. Eu iria dizer-te o quanto me havias magoado e o quanto eu te tinha amado quando era mais nova. Deveríamos estar a beber café e a rir de coisas sem sentido e eu dir-te-ia como tinhas sido um ponto fundamental na viragem da minha história. Eu queria que tu visses em mim tudo o que eu via em ti e ficares impressionado com a pessoa que eu havia me tornado. Estávamos destinados a fazer amor novamente, como sempre tínhamos feito. Beijarmo-nos em ruas sem sáida e rirmos das tuas piadas sem sentido e eu deveria nessa altura, dizer-te que ainda eras o mesmo idiota. Estava agendado que eu iria sentir novamente o sabor agridoce dos teus lábios e, de seguida, iria descansar a minha cabeça no teu peito enquanto repousávamos sobre as estrelas, percorrendo as minhas mãos sobre o teu tronco semi-nu. Estava escrito nas folhas perdidas do destino que continuariamos a trocar mensagens de texto através das longas horas da madrugada, pedindo um ao outro que viesse afagar um pouco as saudades. Deveria ter-te dito que lamentava imenso por ter-te magoado naquele dia e por ter sido tão fria pela segunda vez e explicar-te que quando me pediste para ser tua, tudo o que quis responder foi sim, mas tive imenso medo, medo de quanto eu me importava contigo e sobretudo, medo de sentir-me novamente e mais uma vez, vulnerável. E era suposto tu compreenderes e sorrires como só tu sabes fazer. 
Já não sei sorrir, tu levaste essa capacidade minha quando saíste da minha vida. E agora, todas as minhas suposições e significados estão guardados dentro do meu peito, sufocando-me lenta e vagarosamente, atrofiando-me o coração danificado. Não deverias ter saído da minha vida.

1 comentário:

SM. disse...

Dos melhores textos que podia ter lido agora!