quinta-feira, maio 29, 2014

Tortura insana.




Persistes e insistes em pronunciar declarações de amor tardias e destabilizantes. Seriam palavras como outras quaisquer, juro-te, não fosse o poder inexplicável que ainda exerces sobre mim. Os teus vocábulos impertinentes continuam a agitar as minhas memórias mais insanas, a despertar os instintos selvagens que adormeci dentro de mim, a estremecer os sentimentos perturbados esquecidos porque este coração cansara-se de sofrer desalmadamente. Repetes de forma desenfreada os sentires que enlouqueceste no fingimento de não os teres em todos aqueles momentos em os nossos corpos se fundiram num só enquanto o meu coração clamava pelo teu que, sem se importar com os lamentos do meu, queimava a minha alma devota. Destabilizas, sem pudor algum, o seguimento que a minha existência aprendeu a tomar, ignoras as minhas preces e afastas do teu caminho as minhas mágoas perante o reconhecimento das tuas alegações dementes que afirmas terem sido sempre uma constante. Alegas sem pudor e sem vergonha, ter sido eu a causa de todos os fervores impregnados na tua índole, o permanente motivo para todas as tuas insónias, ausências de felicidade, e eterno vazio aliado a um buraco negro construído no teu peito. Lamentavelmente, palavras são apenas instrumentos impotentes perante a nova realidade que abraçou a minha fria vivência, por muito que todo o meu interior grite e me torture desalmadamente perante os desejos que percorrem este nefasto e insano tronco, nem as mesmas nem acções tuas farão mudar um único aspecto da minha existência, ainda que essa nova possibilidade fosse tudo o que o meu coração sempre desejou...

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