sábado, abril 30, 2011

auto-retrato

Trocamos palavras vagas sobre tudo e acerca de nada; tentas explicar-me sem me explicar, que cada alma tem o seu mundo e conhecer outra alma é entrar num mundo transcendente ao nosso. Aceno com a cabeça e finjo que entendi perfeitamente o que quiseste dizer, mas não percebi absolutamente nada. Tu não entendes, pois não? Eu sou uma pessoa comum; tu, és poeta. E falas-me com essa linguagem típica dos poetas, onde as palavras são sublimes e essenciais à sobrevivência. Então eu calo-me com aquele silêncio voluntário de quem não te quer desiludir. Eu sou fraca quando as palavras que rebuscas no teu dicionário mental se espelham na minha frente e se elevam no teu olhar, como quando todas as cores e todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos de um poeta. A tua poesia incompleta reflecte-se em tudo o que dizes e tencionas dizer, e enquanto rabiscas no ar a perfeição que eu não consigo entender, eu só penso "Apetece-me fazer amor com ele durante horas, tê-lo nos meus braços e dar-me de corpo e alma", e tal como um coração que se segura entre as mãos, numa utopia algures distante, eu queria que fosses assim. Simples.

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