domingo, abril 24, 2011

visions of you


Hoje liberto por fim, todas as mágoas que trago na garganta.Cansada de balançar entre as tuas imprecisões, deixo-me cair na áspera almofada enquanto te escrevo esta carta com todas as palavras que não te disse.
Aponto com minuciosidade todos os aspectos que nunca consegui perceber em ti e que nunca me deixaste tocar. Perco-me ao tentar encontrar explicações para a multiplicidade de personagens que encarnas. Afinal, é como se libertasses ao longo do teu percurso vinte personalidades e apenas consentisses dezanove delas. Lutas constantemente contra aquela última com a qual não te identificas e que te assusta.
As constantes mudanças de humor a que me sujeitas deixam-me perplexa. Atrever-me-ia a te apelidar de Dr.Jekyl/Mr.Hyde. Desculpa, mas não estava presente quando leccionaram a teoria sobre dualidades e permanentes recuos e avanços. Pesquiso em remoinhos de palavras um qualquer remoto significado para o que querias tentar dizer e nunca conseguiste.
Iludo-me, eu sei, ao pensar que conseguiria compreender-te quando tu próprio não o consegues fazer. Confunde-me... se não sou importante para ti [e sei que não o sou] porque continuas a voltar ao meu leito e atormentar-me com enigmas que eu não consigo decifrar? Porque tentas ganhar importância no meu frágil mundo quando eu não tenho nenhuma no teu?
Com um coração pequenino embrulhado nas minhas mãos de papel, peço-te, aliás, suplico-te: não regresses. Não se for para me atormentares com palavras bonitas que não têm significado latente no teu olhar. Não se for para argumentares falsas teorias por menos de uma hora e desapareceres as restantes vinte e três. Não se for para correres para outros braços e outros sentimentos que não os meus.
O carinho tambem era uma forma de sentir, sabias? Nem tudo se resume a amor ou ódio. As palavras que nunca me disseste, os textos que nunca me leste, os dias que te vi sem que me visses, serão sempre os momentos mais importantes da nossa inexistente relação.
Por entre folhas caidas, bate ainda a esperança, ainda que ténue que estas minhas palavras acordem em ti a vigésima personalidade que eu tento resgatar, infrutiferamente.
Faz-te pessoa e enfrenta os teus medos! Eu fi-lo, não só por ti, não só por mim, mas por NÓS. Tenho tantas saudades nossas. Os nossos minutos únicos que mais ninguem conhece. Levanta-te! Consegues? Percebe-me! Não é assim tão dificil. Sou tão transparente quanto água de uma nascente. Sabes como me reconquistar.
Reafirmo,volta apenas quando tiveres a certeza do que almejas. Quando quiseres realmente saber o que significas para mim. Se nunca perceberes, deixa-te adormecer entre os prados onde ainda cheira a setembro...
Se não apelidares as minhas palavras de coragem, qual personagem encarnada, renascida arduamente das minhas masoquistas veias, não sei a que atribuis tal conceito.

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