domingo, março 03, 2024

Silêncio ensurdecedor.

 


Dois dias passaram por nós e o silêncio falou mais alto. O teu pedido de desculpas que não chegou, o teu olhar a implorar-me para ficar, o teu corpo a chamar pelo meu. Nada, apenas o silêncio ensurdecedor. A minha partida não perturba minimamente a tua essência. E eu esperei, agarrando-me vorazmente á certeza que o teu amor por mim ainda existia e iria clamar para não me deixares ir. Certamente o teu orgulho sobrepôs-se e assegurou-te que eu iria ceder como tantas outras vezes, que o amor que nutro por ti iria largar a razão que tenho sempre que me magoas e que iria quebrar o silêncio com palavras ferozes. Não ouvi o meu coração pela primeira vez na vida. A saudade magoa e corta o peito com força, sangrando de forma violenta por dentro, mas como não é vísivel ao teu olhar, calculo que não importe. Guardarei na memória todos os sorrisos, todos os momentos em que me fizeste feliz, todas as palavras de carinho que entregaste ao meu peito. No entanto, neste momento, o sentir que a minha companhia já não te aquece a alma, que o meu humor já não te faz vibrar, que não é ao meu lado que queres sentir a pureza das caminhadas, não é comigo que desejas prender os olhos em histórias de amor, a minha dor impele-me urgentemente a ir. Sem mais demora. Sem adiar mais um dia que seja como tenho feito nos últimos seis meses. Eu ofereci-te uma escolha e tu fugiste na direção oposta. Entreguei-te amor e recebi réstias de qualquer sentimento. Ofereço-te agora a minha ausência. Resta saber o que me irás oferecer desta vez.

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