terça-feira, abril 12, 2022

Hoje vim falar de ti.

 

 Hoje vim falar de ti. O meu amor, a quem jamais poderei dar a mão em público ou abraçar pelas ruas da cidade porque iniciaria uma guerra civil. Para ti, com quem sonho todas noites perder-me em intimidades porque pensar acordada é proibido e assusta-te. Tu que desmanchas o meu coração em pleno horário de almoço de Sábado e reconfortas-me a alma na manhã de Domingo. Para ti que não posso segurar pelo braço como o prémio maravilhoso que sinto seres para mim porque as pessoas diriam que estamos errados. Apontariam os dedos julgadores e diriam que estamos fora de tempo. Fora de época. Em momentos de vida distintos. Para ti que não posso gritar o quanto te amo quando exploramos os caminhos juntos porque até o vento teme que sejamos reais. Para ti, que só posso perder os meus lábios nos teus quando estamos a sós num miradouro qualquer, cobertos apenas pelos nossos céus, e na manhã seguinte tenho que fingir que a minha alma não se sentiu envolta numa tempestade quando tocou ao de leve na tua. A ti que me queimas por dentro, que me fazes estremecer, que és proibido e quase intocável.  Para ti que preciso em todos os cantos da minha vida embora por enquanto só te tenha por momentos, nas urgentes fugas ao fim da tarde que, sem hesitação, repetiria todos os dias se dependesse de mim. Gostava de viver num mundo onde pudesse sem temor algum declarar o meu amor por ti e mostrar como somos perfeitos assim, juntos.

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