Desisto de ti.

 

 

 Desisto de nós. Na verdade, desisto de ti porque eu nunca quis ir embora. Eu estou cá. Cansa sentir por dois, tentar por dois quando consegues entender claramente que estás sozinha nessa entrega. Eu sempre tive uma vontade imensurável de permanecer. Uma vontade estranguladora que me faz querer chegar a ti, alcançar os teus desejos, os teus sonhos, os teus medos e proteger-te do mundo cruel que existe lá fora. Transpor a distância de vinte quilómetros que existe entre nós e ver-te todos os dias, nem que por um segundo. Mas como posso querer entregar-me tanto e libertar a minha intensidade por alguém que nem pretende deslocar-se um metro? Alguém que nunca me encontra a meio caminho. Alguém que nunca me diz que sente saudades minhas. Alguém que nunca diz sentir amor por mim. Alguém que não poupa nas palavras, mas a quem faltam muitas atitudes. Quando perceberes tudo o que sinto neste momento dentro de mim, já vai ser tarde. Terás que continuar os teus dias sabendo que me desiludiste e que gravaste no meu olhar uma dor profunda. O meu coração está demasiado magoado para continuar a tentar por dois. Eu mereço alguém que me veja como alguém inesquecível, alguém que tenha medo de perder-me. Alguém que queira saber como eu me sinto quando grito desesperadamente. Alguém que note que estou a querer ir embora ainda que o meu coração peça-me para ficar. Desisto de ti porque preciso de cuidar de mim.