Hoje a saudade bateu violentamente contra o peito. Respirei fundo, repousei a mão esquerda sobre o coração para acalmá-lo, mas nada dela ir embora. Com a saudade vieram as memórias. Vieram as dúvidas. Pergunto-me como é possível teres transformado tudo em saudade. Tantos planos, tantos momentos perdidos em sorrisos, tanto desejo, tanto amor. Como foi que deixámos de ser nós? Onde foi que te perdi? Onde nos perdemos? Será que ainda pensas sobre nós ou serei apenas eu? Eu nunca quis que fosses apenas saudade. Eu nunca quis que saísses da minha vida, deixando este rasto maldito preso ao meu coração. Mas tu escolheste ser saudade. Saudade e silêncio. Escolheste esse caminho quando desististe de nós sem motivo. Preferiste ser nada quando podíamos ter sido tudo. Decidiste sozinho que não querias este amor que estupidamente plantaste no meu ser e qual criança mimada, achaste que não era bom o suficiente para ti. Por isso, por maior que seja a saudade das nossas conversas, das nossas confidências, dos nossos instantes, eu não vou insistir. Não vou procurar-te, não vou pedir-te para ficares, nada. Eu sinto imenso a tua falta, claro que sinto. No entanto, sempre que penso em tentar chegar a ti, eu lembro-me que tu escolheste ir. Escolheste partir. Sem uma palavra, sem uma razão, enredado na ausência de uma explicação. Talvez seja o meu orgulho, talvez seja o meu amor próprio que não me permite voltar atrás de quem não sabe o que é amar e simplesmente desistiu de mim. Por isso, por maior que seja esta saudade que me devora de dentro para fora, eu não vou procurar-te. Eu não merecia que tratasses assim o meu coração, mas vou ficar bem. Tu escolheste ir e eu vou deixar-te ir. Na verdade, eu tenho que aprender a deixar-te ir.
Sem comentários:
Enviar um comentário