Não sei qual coração tocou em qual. Não sei quem chamou por quem. Não me recordo das nossas primeiras palavras porque os meus sentidos estavam ainda adormecidos. Não me lembro quem puxou o outro até si. Juro que não memorizei quem desviou o outro do seu caminho e o fez entrar por outra vida adentro. Não sei qual de nós decidiu colocar o coração no peito do outro. Não sei quem usou primeiro as palavras e quem não permitiu que o outro se afundasse em silêncios. Não sei quem não pondera sequer fugir e não deixa o outro ausentar-se. Não sei quem dedicou a primeira música e enebriou os sentires numa alma bêbeda de sonhos. Não sei quem renasce quando o outro sorri. Não sei quem se perde um pouco mais com o sorriso pretensioso inundado de timidez e absentismo de ruído. Não sei quem morre um pouco por dentro quando o outro vai embora. Não sei qual de nós é carente ou qual de nós precisa de mais mimo. Já não sei se eu sou tu. Não sei onde começo e tu acabas. Se tu és eu. Acho que somos apenas nós, mesmo quando estamos perdidos nos silêncios, com o olhar fixo e a questionar os pensamentos um do outro. Acho que somos apenas nós. E isso tem que ser tudo o que importa.
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