terça-feira, outubro 19, 2021

Constância de sentimentos.

 

 

Sou uma constância de sentimentos que transbordam dentro mim de tal forma que não sei codificá-los. Eles atormentam-me, rodopiam na minha cabeça gritando palavras mudas. Meu coração palpita, as minhas mãos congelam, meu sorriso aparece e desaparece a cada enxurrada de sentimentos e eu navego dentro deles sem saber para onde ir. Sinto-me perdida dentro de mim, em um labirinto que parece não ter fim.  Na minha mente um dia faz sol, no outro faz chuva e eventualmente um arco-íris vem colorir com lápis de cera os meus sentimentos, quase sempre a preto e branco. Busco no dicionário significados para descrever o que sinto ou possivelmente sinto, mas as buscas sempre são em vão, nada ali fala-me sobre o que o meu coração idiota e amassado pensa. O meu cérebro desespera e discute com o meu coração sobre a razão dele não entender até hoje porque fico mais feliz quanto estou com "ele". O meu coração tenta explicar o quanto a companhia dele era terapêutica e como só ele era capaz de arrancar os segredos escondidos na profundidade da minha alma, mas os dois não falam a mesma língua. "Porque  não ouves os meus conselhos com atenção, meu caro aprendiz coração, assim tu nunca aprenderás", o meu cérebro sempre avisa. Tudo dentro de mim é um muito de nada, um pouco de muito, um grito desesperado de alguém que tem medo de continuar a sentir um amor que se transformou numa saudade acutiliante, alguém que coloca os auscultadores para abafar a dor de um coração despedaçado e para não ouvir os seus próprios pensamentos. Alguém que por fora é inteira, mas por dentro é só estilhaços. 

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