Até hoje eu sentia que era especial. Pensava, por ser uma idiota ingénua, que o que te impedia de permanecer nos meus braços era a falta de tempo, era a responsabilidade, o peso do mundo nos teus ombros. Nunca pensei haver alguém que te quisesse tanto quanto eu. O teu toque tão ávido e devorador afinal não é exclusivo como eu julgava. Quando os teus lábios proferiam "sou todo teu" era apenas o que sentias no calor do momento e que provavelmente repousava em outros sentidos de igual forma. Ela ouvia o mesmo que eu ouvia. Ela sentia o mesmo que eu sentia. Ela desejava-te como eu te desejava. Eu julgava ser única, talvez por querer tanto ser. Ignorava a voz da razão que me jurava que não existe falta de tempo quando se sente saudade, não existe algo que separe duas almas quando o sentimento é mais forte. É tudo tão simples. Não existe sentimento algum, é meramente sexual. A segunda oportunidade, o valer a pena, a supressão do orgulho por minha causa, todas as palavras que me fizeram baixar as defesas e confiar. Segurança e estabilidade não impediram o meu coração de partir e agora ordeno ao meu cérebro que recolha os cacos da porcaria que tu fizeste. Prende-me por desacato, peço-te, porque vou roubar-te as palavras e disparar sobre a nossa relação. Se era para partilhar o céu com outros anjos, porque me deixaste experimentar as tuas asas?
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