Tenho medo, muito medo. Pavor até, diria eu, de permitir-me sentir. Eu deveria sempre guardar o querer nas profundezas do meu ser. Ser forte e não deixar que os sentimentos aflorem a pele. Impedir que o coração bata aceleradamente embebido no sabor a frutas doces. Não me perder em minutos que correm de forma desenfreada mesmo quando imploro para que o relógio se esqueça de mover-se. Depois de perder a luta contra as emoções avassaladoras que de mim se apoderam, a saudade cola-se a mim na tua ausência. E tudo o que sinto é medo. Medo de deixares de querer as minhas palavras, medo de abandonares-me na minha solidão, de seres mais um estranho como tantos outros. Porque não estares aqui não faz com que não existas. Porque a tua falta vai levando-me de mim. A saudade sabe sempre o caminho para aqui chegar quando tu não vens. É um abraço que não aquece e um vazio que não adormece. E eu quero tanto dormir nos teus braços e acordar no teu beijo. Quero entrelaçar as mãos e passear á beira-mar. Quero ver o pôr-do-sol ao fundo e quero a lua como companhia enquanto perdemos noção de quem somos longe um do outro. Quero ter o teu colo sempre disponível e o meu ombro sempre apetecível. Quero a tua natureza irrequieta e o teu conforto calado. Quero o teu sorriso de menino tímido e o teu sarcasmo de homem decidido. Quero sofá contigo. Quero cama contigo. Quero-te. Sempre e em tudo. Por enquanto, tudo o que sou é pressa de ter-te aqui na mesma medida em que a saudade grita-me que estás longe.
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