terça-feira, junho 22, 2021

Fomos quase tudo.

 

  

Fomos quase tudo. Sacrifiquei a hipótese de felicidade por uns momentos de prazer. Perdi a razão durante sessenta minutos em que permiti que o coração  batesse a mil á hora e que o sentir transbordasse do peito. E eu só gosto do que me tira o fôlego mas não permanece tempo suficiente para devolver-me o ar. Venero o impossível que foge por entre as frestas das janelas na primeira noite de Verão. Almejo o que me queima a alma e arrepia a vontade. Mas o meu coração é sempre livre nos momentos em que mais amo. Os instantes em que dou tudo de mim. Tenho um ritmo que me complica e um desejo que é insaciável. Uma palavra que nunca dorme. Um beijo que nunca acorda. Um amor que não é meu. Procura-me em todo o lado e verás que não me encontras. Procura-me noutros rostos e noutros braços e verás que não estou. Tudo o que eu senti não se consegue duas vezes. O que eu fui para ti, leva-se uma vida inteira a procurar sem nunca achar. Alguém que faça tanto quanto eu fiz, que faça de tudo para ser feliz. Que queira tanto sentir, que queira estar viva, que queira pedir para não ires embora. Que saiba pedir para deixares que adormeça no teu abraço e não se esconda no silêncio. Procuro por ti no espelho na dor que sinto e calo. Não te queria longe. Queria-te aqui esta noite no meu colo. No meu peito. Na minha alma. E partiste na calada da noite sem sequer olhar para trás. Fomos quase nada.