Saudade não é um sentimento bonito.

 

 

Guardo a dor no fundo da alma e sigo caminho. A saudade nunca deveria ser assim tão flagrante. Uma violência que esmaga o coração contra o peito sempre que o mesmo tenta fugir para ir ter ao teu encontro. Luto constantemente contra a vontade de procurar-te em cada canto e trazer-te para junto de mim. Mas não te posso obrigar a ficar em mim. Não posso implorar para que os teus lábios voltem a colar-se aos meus nem para que percorras novamente de forma ávida os contornos do meu pescoço. Se fechar os olhos e concentrar-me, ainda consigo sentir o teu aroma entranhado em mim. O toque fervente da tua mão no meu rosto enquanto nos fundíamos. Saudade não é um sentimento bonito, sabes? Ela esfola, magoa, arranca esperanças e deixa o coração em ferida aberta. É uma emoção que só vale a pena quando existe reciprocidade. A saudade só faz sentido se eu souber que se dissesse "quero ver-te" tu dirias "agora?". Mas tudo parece ser mais importante que acalmar a sede que eu tenho de ti. Tudo faz o teu ser pulsar menos a vontade que eu tenho de te amar. A ânsia de tornar-te meu. O coração contorce-se inflamado pela mágoa, apertado num peito dolorido que tem dificuldade em guardá-lo, enquanto no mesmo instante, tu sorris e és feliz ignorando o quanto eu precisava de ti aqui comigo em forma de calmaria. A saudade é uma porra, mas a culpa é sempre minha por desejar  os meninos em forma de anjo, impossíveis de prender.