Tenho medo. Tenho medo de tudo o que sinto neste momento. Medo de sentir felicidade e despertar todas as dores que escondo dentro de mim, medo de acordar os monstros que ainda aqui vivem, que este não seja o caminho certo e que o meu coração se espete a alta velocidade contra um muro altíssimo de defesas intransponíveis e memórias passadas. Sei que fugir do sentir não é opção, mas resguardar-me é a melhor maneira de viver, é assim que consigo manter-me neutra entre o céu e a terra, sentir o amor que existe enterrado dentro de mim enquanto me imagino nas nuvens com os nossos sorrisos pendurados nas estrelas. E o meu coração brilha por tua causa, sabes? É por ti que eu sinto uma paz interior a emanar por entre os meus poros e a transbordar-me pela alma fora. É a fugir da realidade, a fingir que não me importo, a fingir que não (te) sinto. É assim mergulhada neste medo que percorro as pedras dos caminhos a que chamam vida. Nunca irei escolher sofrer pois só eu sei o quanto isso dói. Eu e o meu interior sabemos demasiado bem. Sentir sem controle rouba-me a alma e deixa-me perdida nos confins do destino, sem sentido, sem rumo, com medo de respirar e com o coração a chamar pelo teu nome. Isso eu não quero, não quero sofrimento, não quero o que chamam de amor. Quero continuar assim distante, mas continuar assim sempre. Quero que o amor passe sempre sem desviar-se na minha direcção, que a dor não me encontre neste caminho sem saída onde me escondo. Quero que isto se vá assim como um pássaro que se vai quando pressente o Inverno, como as folhas que caem no Outono, como o ar que se extingue dos pulmões num derradeiro sopro, mas que vá. Simples assim. Que me deixe e não se lembre de fazer-me sentir. Eu só quero poder sentir sem medos, ser feliz sendo eu mesma, ser razão para alguém como tu querer ficar, ser feliz apenas. É pedir muito para um coração com pouco açúcar?
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