domingo, janeiro 24, 2021

Um dia de cada vez.

 Não consigo escrever-te sem antes sentir-te de uma forma tão profunda e absoluta. Não sei sentir pouco nem deixar de ser completamente intensa e invasiva.  Mergulhar numa história como a tua é sem dúvida assustador, mas os mistérios por desvendar revelam sempre ser um pequeno vislumbre de céu. Sou refém da caixa de segredos que os meus olhos vêm em ti e cada resposta que consigo que arranques da tua alma e entregues nas minhas mãos só faz com que queira acender cada sentir teu. Enigma perfeito e personificação do fruto proibido, apresentas-te como a dificuldade de chegar perto de ti, mesmo que as minhas emoções estejam irremediavelmente embebebidas no teu ser.  E em cada palavra que me atribuis, guardas outras vinte nas entrelinhas que eu me esforço por decifrar. Leio e releio as tuas frases ao fim de cada noite tentando perceber como seria a maneira correcta de conquistar o teu coração, aquele pequeno orgão que albergas na impenetrabilidade do teu corpo. A tua vulnerabilidade, que tento a todo o custo explorar, seria a medida ideal para a minha intensidade e a calma que necessito nos meus dias tempestuosos. Consegues ler-me na mesma frequência que eu a ti? Serias tu a pessoa pouco linear e ridiculamente especial por quem anseio? Correria sem pensar duas vezes para o terminal de aeroporto e faria com o coração cheio o percurso de avião até chegar ao teu encontro se tivesse todas as certezas do mundo que encontraria em ti a mesma vontade que trago dentro de mim. Mas és alma reservada e tenho muito receio que seja tudo apenas a minha carência a colar-se á amizade das tuas palavras. A tua intensidade pode e deve ser divergente da minha e guardo as minhas palavras dentro do peito. Por ti eu vou aprender a ser paciente, refrear os meus impulsos de loucura e deixar que os dias passem por mim um de cada vez.

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