Estou afastando de mim tudo o que seja efémero e temporário que passe de raspão pelo meu coração. O meu ser está cansado de entregar palavras e receber em troca apenas carências e promessas vazias. Não quero almas que venham procurando algumas horas da minha vida sem intenções de ficar, que planeiam entrar de rompante pela janela e deixar a porta escancarada enquanto os meus sentimentos são arrastados pela força do vento. Quero alguém que respire a minha essência, que se prenda nas minhas intenções, que veja quanto o meu coração é capaz de dar e receber amor. Preciso urgentemente de alguém que aceite as minhas declarações de amor e que considere o meu abraço o lugar mais importante do universo. Alguém que queira adormecer enredado na melhor parte de mim, mas principalmente que não se assuste com os meus segredos e com as minhas fraquezas. Quero um menino doce com atitudes de homem maduro e sério, alguém que seja o meu porto seguro nos dias em que me sinto mais frágil, mais indomável e menos capaz de sentires avassaladores. Quero alguém que não necessite do contacto da pele com a pele, mas sim o roçar de alma com alma, o toque nu e cru da intimidade. Dispenso o desejo carnal desprovido de emoção e de ligação emocional. Corpos desprovidos de coração e de cerne provocam em mim uma solidão imensa capaz de abrir no meu peito um buraco negro do tamanho de uma galáxia. A menos que seja alguém que considere exequível fazer-me sentir algo extraordinário e do outro mundo, prefiro guardar-me.
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