sábado, dezembro 19, 2020

A vida fez sentido.

 Não apareceram muitos pelo caminho, mas os que apareceram nunca quiseram ficar. Comecei a aprender que quem vem, não vem para ter lugar.  Vem para olhar e sair porta fora logo a seguir. Não apareceram muitos pelo caminho, mas foram alguns os que chegaram e só quiseram uma coisa: o corpo. O beijo. O toque. Só isso. A atracção era a única coisa que lhes interessava. Para mim, nunca foi isso. Para mim nunca é só isso. E é por isso que os que chegaram, acabaram sempre por ir embora. Não havia volta a dar. Eu sabia desde o primeiro momento. Tal como nascemos para morrer, eles chegavam para ir embora. Tão simples assim. Aprendi a viver assim. A ver partir e chegar com a mesma facilidade com que respiro. Com a mesma certeza que o meu coração bate agora e daqui a nada outra vez.

 

Tu chegaste e quiseste mais que o corpo. Quiseste o que sou. O que escondo. O que mostro. O que receio. O que anseio. O que desejo. O que me torna insegura. O que torna o meu sorriso sincero. O que torna as minhas lágrimas verdadeiras. Viste o que mais ninguém viu. Viste os meus dramas e permaneceste. Viste além do meu corpo. Mas também o quiseste. Uma coisa de cada vez. Descobriste que comigo é assim, talvez porque contigo também o é.  Não achei que existisses. Não achei que algum dia me encontrasses. Que te encontrasse a ti também. E chegaste. Esbarramos um no outro. E a vida fez sentido.

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