Sossegaste o meu coração com o teu olhar cor de céu e com a promessa de que não irias fugir. Eu quis confiar e envolvi-me em ti, indo contra todos os pressentimentos que me irrompiam a pele e avisavam para não ser ingénua. Tudo em ti gritava novidade, inocência e perigo. Quis sentir um pouco dessa irreverência e perder-me na loucura por momentos. A tua puerilidade conquistou-me quase de imediato e deixei-me levar pela tua rebeldia. O som do mar como paisagem embalou todos os meus medos e quase afogou as minhas paranóias, levando-me a calar a voz dentro de mim que incessantemente clamava-me para desistir, refugiar-me no meu quarto e esquecer a tua existência. Ignorei todos os sinais e deixei-me levar pelo desejo ardente e pela loucura. Por entre vários pedidos de desculpa, confidenciaste-me que quase morreste nos meus braços enquanto timidamente expressaste que levei-te ao céu e ao inferno simultaneamente. E eu quis tanto que trancasses a porta e perdesses a chave como disseste que pretendias fazer. Não o fizeste e partimos sem que eu desconfiasse que seria a última vez que ali estaria. Sem guardar em mim e em ti uma recordação da minha permanência. Os espasmos que ainda permanecem no meu coração não parecem pretender deixar-me tão cedo. Deixaste a tua marca em mim através das tuas palavras inocentes, através da timidez do teu olhar cor do céu, o sorriso capaz de derreter a mais firme das armaduras e o teu toque voraz e devastador. Sinto falta das tuas palavras, da tua presença, da tua jovialidade, da forma idiota como dizias que a idade era apenas um número e para deixar-me ir. Podes nunca mais fazer-me sentir o mesmo, mas ficaste gravado na minha alma. De alguma forma, espero ter permanecido no teu interior também. Nem que seja por ter sido para ti um pedaço de céu e de inferno ao mesmo tempo.
terça-feira, setembro 15, 2020
Um pedaço de céu.
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