Entrego os meus afectos sem qualquer ordem de restrição, sem sinais de querer travar e atropelo os meus sentidos repetidamente sem sequer me aperceber. Sei que pode parecer absurdo e talvez um pouco descabido, mas tenho esperança em nós. Deixaste que eu fosse eu própria e leste a minha alma como nunca ninguém tinha feito antes, a ponto de deixar-me completamente vulnerável e fragilizada aos teus olhos. Eu sempre desisti de mim perante os corações a que me entreguei e nunca fui suficiente para os fazer querer ficar comigo. Percorri longas distâncias até chegar a ti, numa estrada deserta em que nunca antes ter-me-ia imaginado. Foste quem não tentou modificar-me e até disseste gostar de quem eu sou, sem ter que controlar os meus ímpetos, os meus pensamentos ou os meus desejos mais selvagens. Não tentaste prender-me ou restringir-me a ser algo que não sou, algemada a medos que me carcomessem o amâgo. Fizeste, pela primeira vez, com que o meu coração não se sentisse amarrado por algemas e deixasse o meu espírito correr livre e por isso entreguei corpo e alma sem restrições pela primeira vez desde sempre. E eu tenho atravessado vezes sem conta a rua de um lado para outro com o semáforo vermelho, corrido a meio da estrada, quebrado todas as regras enquanto a sirene permanece desligada. Não precisamos do dramatismo, mas o meu coração está cansado de respeitar os limites de velocidade.
quarta-feira, setembro 23, 2020
Handcuffs.
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