Ficou tanto por dizer. Não deixei nada por sentir, no entanto. Senti todas as tuas fraquezas, as tuas inseguranças, os nossos medos, os nossos desejos. Senti o quanto precisamos desesperadamente de uma metade disfuncional como nós que nos faça sentir inteiros. As peles que se entrelaçaram arderam de paixão madrugada fora, regidas por corações que batem hora adentro. Os corpos suados que não se queriam separar tatuaram o ardor que fervia em nós. A minha cabeça que descansou no teu peito forte e viril enquanto ouvia a tua respiração exausta e potente. Deixei tanto por dizer. Queria dizer que estou cansada de fingir ser forte e que precisava da tua protecção, que queria guardar o coração nas tuas mãos, enredar os meus receios na tua autoridade e poder finalmente sentir-me vulnerável, frágil e nua. Mesmo assim, guardei as palavras dentro de mim e permiti que as mesmas lacessarem a minha alma, uma a uma. Sempre deixei os sentires queimarem-me por dentro para depois renascer mais forte. Mas eu quis tanto não ter que guardar o que sou, uma vez que fosse. Não tive coragem.
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