Hoje revi-te sem o meu cerne estar preparado. Olhei para ti como quem encontra um desconhecido na rua e admira a sua beleza, sem reconhecer-te de imediato. O meu coração acordou e reconheceu-te num ápice. Ele saberia encontrar-te em qualquer sítio, mesmo numa rua tão movimentada como aquela onde passei por ti. Tens mais perfeição em ti do que eu me recordava, o que fez o meu interior estremecer ainda mais. A forma como destacas-te numa multidão de gente na azáfama do centro da cidade é deveras impressionante. O meu coração pergunta-me timidamente se tenho a certeza que o teu olhar não se cruzou com o meu e eu não sei responder. Os nervos tomaram conta de mim e eu senti-me perdida no meio de tantas pessoas, e mesmo assim eras só tu que eu via. Não consigo olhar-te nos olhos porque sinto-me a cair mil e uma vezes. O medo apodera-se de mim de cada vez que penso em dirigir-te a palavra. Queria tanto que fosses sincero quando dizes que sou tua e que não vais fugir, mas hoje senti-te fugir mais que nunca. Calei-me na imensidão da minha mágoa, do meu desejo e do meu medo quando tudo o que queria era mergulhar na tua profundidade e nunca voltar á superfície. Gostava tanto que deixasses de hesitar e arrebatasses-me enquanto eu ainda existo em ti. És tudo o que o meu interior sempre almejou, mas o meu coração tem medo de estar a sonhar demasiado alto. Quanto mais tempo terei que suplicar por um pouco de ti? Deveria sequer ter que implorar? Se ao menos eu nunca tivesse provado um pouco do paraíso, não estaria agora presa no inferno. Eu minto quando digo que ainda consigo escapar, tens o meu coração preso entre as tuas gélidas mãos. Eu não consigo escapar por mais que tente, e tu és demasiado para alguém como eu.
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