quarta-feira, agosto 05, 2020

Insegurança no adeus.

Só uma vez por ti desabei, confiando que estarias no fundo do precipício a amparar-me a queda. Contigo fui menina frágil, única e simplesmente porque prometeste-me poder confiar cegamente. Estava rodeada por outras palavras que juravam lutar por mim, e eu ingenuamente escolhi guardar as tuas no meu peito. Só mesmo a puxar os sentimentos de dentro de ti para o lado de fora é que dizias sentir o que eu desesperadamente queria ouvir, e mesmo assim foram mais as vezes que me senti magoada do que amada. O que era perfeito aos meus olhos fugiu-se-me entre os dedos como grãos de areia e tu queres que eu esqueça tudo de repente e que á noite não pense em ti. Incrivelmente, em poucas noites tornaste-te o centro do meu mundo e tornou-se díficil não incluir-te nele. Havia sempre uma parte de mim que se recusava a ceder a ti por saber ser demais para mim, a perfeição não costuma colar-se ao meu coração. E naquela noite, enquanto fechei a porta do bloco e vi o teu carro partir, chorei ao sentir ser a última vez que te veria, logo após ter sentido quão magnânimo era o teu toque. E parti-me em mil pedaços por deixar-te ir embora e não ter pedido para ficares para sempre enredado em mim.

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