terça-feira, janeiro 28, 2020

Irremediavelmente.

Confiei em ti contra todas as probabilidades. Deixei o meu amâgo desprotegido quando todos sinais indicavam-me que não o fizesse. Fui um livro aberto nas tuas mãos e permiti que me folheasses as páginas quando a tinta não estava ainda seca. Tentei resistir demasiadas vezes mas as memórias penetravam-me os sentidos como em todos os anos em que permiti que me iludisses. Sempre fui alguém que não se deixa abraçar pelos braços da multidão, mas as tuas sombras sempre souberam como se enredar no meu coração, abrindo as suas portas como se eu não pudesse de forma alguma impedir. O meu grande dilema sempre foi seres chave, fechadura e machado que dilacera as minhas veias enquanto eu impotentemente sinto a dor que me destroí. Estejas perto ou longe, nas sombras ou escondido em plena luz, este sentir continua incessantemente á tua procura, irremediavelmente.