Nada irá mudar.

O amor resume-se, no fundo, a esta enorme confusão de sentimentos. Uma parte de ti deseja ardentemente estar ao lado dele mesmo que seja em silêncio, outra pretende repeli-lo para que não volte a partir-te o coração. E mesmo quando julgavas que eras forte e que ouvir aquela voz nada em ti fazia estremecer, o tempo demonstra-te que brincou contigo e que o controle que exerces sobre os teus sentimentos é pouco ou nenhum. Queres a todo o custo fugir na direcção oposta enquanto o teu coração grita para que permaneças. Até os vocábulos que te magoam e dilaceram a esperança são como mel para os teus ouvidos que já se haviam habituado á ausência de qualquer som. Perdes a noção das palavras distorcidas e atabalhoadas que ecoam dos teus lábios e imploras á tua mente que cesse todas as tentativas; porque em vez de uma reconquista, estás apenas a fazer com que o seu ódio por ti continue a ser alimentado através de um desastre natural personificado em ti. A impotência toma conta da tua alma e quedas-te sem saber exactamente o que mais fazer, quando o silêncio corta-te o coração e as palavras não saem; quando a saudade que sentes não é correspondida; quando sabes que darias qualquer coisa para voltar atrás e desfazer os erros. E, por mais que tu saibas que nada irá mudar, nunca haverá nada que tu queiras com tanta força como ele.