segunda-feira, junho 02, 2014

As ruas da cidade.

Ainda habituada com a conformidade e o ritmo cinzento dos meus dias, deambulei pelas ruas da cidade. Assombrada pelas memórias de um passado apenas preenchido por pedaços de amor e palavras efémeras, perdi-me uma vez mais dentro da minha mente. Sabia exactamente em que esquina e rua me encontrava, mas no meu interior a confusão era tremenda. Há muito tempo que não sentia a tua respiração a aquecer-me o pescoço ou a fazer esvoaçar o meu cabelo. Voltei a focar-me nos dias em que, sem me preocupar com horários ou com a solidão, descansava as inquietações no cais e deixava-me embalar pelas ondas do mar imenso. Em como a sua dimensão e imponência ajudavam-me a afastar do meu regaço a teimosa saudade que me se me colava á alma carente desses olhos cor do mesmo mar, que, ironicamente, fazia-me esquecer a tristeza de não ouvir palavras tuas, de não deixar o mundo para trás enquanto me afundava nos teus braços que me apertavam como se a humanidade estivesse condenada e só restássemos nós dois. Desconheco doravante o meu sentido de orientação ou se alguma vez voltarei a sentir-me inteira como outrora, nos dias em que mesmo acompanhada somente pela solidão, trazia-te sempre comigo no meu peito, o teu cheiro dentro do coração e o teu sabor nos lábios. A rotina que se apoderou dos meus dias impede-me de saber como me sentir em relação a ti e a tudo o resto, toldando-me os pensamentos e rasgando-me todas as recordações que sempre guardei religiosamente. Ainda não decidi o que contar ao meu coração, mas enquanto vagueio pelas ruas da cidade, percebo que nada voltará a ser como dantes, mesmo que o mar jamais me volte a sossegar...

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