segunda-feira, junho 02, 2014

O rapaz que assassinou o amor.



Ainda tenho o cheiro pútrido das tuas mentiras espalhado na minha pele, infectando por completo o ambiente em que me  isolo esta noite. A raiva que me consome as entranhas é acutilante e a dor que me ensina a calar o coração a que dei ouvidos, é extremamente cruel. Não sei como serei capaz de eliminar do meu interior o som das palavras que perduraram no silêncio da madrugada, o sabor dos teus lábios a queimarem os meus, o toque das tuas mãos a condenarem o meu corpo a um eterno arrependimento, consequências nefastas que abraçei no momento em que acreditei nas tuas promessas. Rasgaste-me a pele, cuspiste-me pedaços de sentimentos e deixaste-me assim ao relento, a mendigar réstias de carícias tuas, peças incompletas de um sentir que nunca admitiste acalentar dentro desse peito frio. Essas mãos geladas, esse coração de pedra, continuam a causar danos colaterais nesta pobre alma minha.  Por mero acaso, encontrei, marcada a sangue manchado, uma cicatriz antiga escondida no teu peito, indicio de onde o teu coração existia outrora. És um pecador sem alma que me uniu á sua loucura devassa e incontrolável, és o quase meu que eu nunca e sempre tive. E atingida por esta seta que mortalmente se enterrou em mim, permaneco abandonada no chão imundo onde me deixaste a apodrecer...

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