Porquê? Proferi esta rude palavra inúmeras vezes, perdendo-se a mesma no vazio incontornável que nos separa desde que nos conhecemos. A minha vida mudou desde essa altura. A minha existência tornou-se risonha, quase perfeita e completa. Deixei de conhecer o significado da palavra solidão. Cessei as lágrimas, deixei de sentir tristeza. Jamais pensei vir a ser o tipo de rapariga que se deita na cama durante a madrugada e direcciona todos os seus pensamentos para um determinado rapaz. Todas as questões pertinentes que dançam na minha mente encontram como resposta apenas as teorias superficiais dos meus amigos : " Claro que ele gosta de ti, é completamente obvio... Nota-se pela maneira como olha para ti!". O problema é saberes que se fosses tu a dar conselhos, dirias exactamente a mesma coisa para que se sentissem melhor. Será que ele realmente pensa em mim? Será que fala em mim da mesma maneira que eu falo nele? Será que me acha bonita?
Conhecemo-nos de forma peculiar, diria eu. Eu sei que ele não é o rapaz mais bonito do mundo, mas sob a luz dos meus olhos, é lindo. O seu sorriso torna o meu dia perfeito, especialmente quando sou eu a responsável pelo seu sorriso. Ele consegue fazer-me rir com a sua atitude pueril e as suas piadas idiotas e quando ele sustém a respiração e detem-se no meu olhar, eu rendo-me, completamente fascinada. Nunca me senti assim antes, esta paixão é mais profunda do que qualquer uma que experienciei no passado. Quero-o desesperadamente, tenho que lutar contra todos os impulsos que me percorrem diariamente o tronco, de forma a impedir-me de correr para ele ou de implorar para que esteja comigo vinte e quatro horas por dia. Gosto de apelidá-lo de namorado e ainda me arrepio sempre que ele me trata como sua. É uma pequena grande mudança na minha vida, sem dúvida... O único problema é que ele surgiu no meu caminho quatorze anos atrasado.
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