domingo, fevereiro 27, 2011

A7


Deixei hoje a minha alma naquele lugar. Penso que a perdi entre as vossas fotos repletas de sorrisos e felicidade. Os recortes feitos na minha alma ficaram colados á humida toalha com que limpei o meu rosto cansado de reter as lágrimas...
A minha exposta tristeza era mais vulnerável que o bater do meu corpo nu contra a áspera madeira. Ouvia-se em qualquer recanto do mundo o meu ofegante coração a suplicar por uma palavra apenas...
Pergunto-me quem falava mais alto por entre as minha falhadas tentativas de estar feliz.
As fotos continuavam a rir de mim. Pensavam em como eu era tola por me sentar num sofá que não me pertence. E eu, impotente, admirava com um sofrimento exacerbado aquele casaco beige com esperança de poder ser assim vestindo um igual. Mas não... continuava a ser eu. Ela continuava sentada no teu colo a sorrir e eu continuava sentada no sofa desprovido de amor...
A ausência de fotos não apaga da minha memória nenhum sorriso, nenhuma provocação que ela me tenha feito, ainda que estivesse longe.
A tua confiança em mim (?) não apaga todas as perguntas que sempre ficam por fazer, nem todas as esperanças idiotas que continuo a ter.
Em cada divisão daquela sádica casa via um pedaço dos meus sonhos despedaçados... na sala relembrei o dia em que soube da existência dela; na cozinha, o dia em que a conheci, no hall de entrada, as vezes que vos encontrei mesmo quando não queria, no quarto dos miudos, o meu impossivel sonho de ter um filho teu; na casa de banho, os gestos que tinhas em relação a ela e, por último mas não menos importante, muito pelo contrário, no teu acutilante e trocista quarto, o dia em que te casaste.
Desculpa. Peço desculpa por te amar demasiado e não conseguir deixar que partas. Peço-lhe desculpa também por permitir que ela te partilhe enquanto sorri fingindo que é extremamente feliz.
Não muda nada do que sinto. Faria tudo novamente. Chamem-me egoista, manipuladora, hipócrita, mas não me acusem de não lutar por quem amo. Ponham o mundo contra mim, mesmo sozinha continuo a amar-te mais que nunca.
Podes dizer o que precisares, o que li hojee no teu olhar vale mais que mil "amo-te"s. Tu próprio não consegues negar o que sentes por mim. Irrita-te eu sei, não querias sentir; mas também sabes que é real. Sentes-te em cada beijo, cada abraço, cada toque meu no teu cabelo. Rendes-te e nada mais importa.
E eu continuo a amar-te num misto de desilusão e extâse. Triste mais que nunca mas a dizer-te com toda a minha força interior que não te culpo e que sempre estarei lá para ti. Até á morte.

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