domingo, dezembro 12, 2010

Páginas em branco.


Na escuridão do meu quarto, olho o vazio por entre as frestas da memória. Tento frustantemente perceber porque motivo tudo tem que mudar.
No princípio, um fascinio exasperante rodeia-os e cinco ou seis palavras são suficientes para cativarem um olhar de raparigas que apenas querem acreditar que ainda vale a pena. Fazem-te sonhar com eles, pensar neles ao acordar e ao deitar, tornam tudo tão especial ao ponto de te sentires tu própria especial... para quê?
No final do dia, olham para ti com um ar tão inocente que és incapaz de sentir raiva e dizem-te em tom de sussurro: " Desculpa, eu apenas queria brincar com o teu coração" ou " Tu percebeste tudo mal, eu nunca disse isso", acusando-te de te magoares por seres demasiado sensivel e um tanto ou quanto dramática.
Podem ainda dizer-te que apenas queriam sentir como bate um coração partido visto que nunca tiveram orgão sádico e desnecessário a pulsar-lhes no peito. A insensibilidade sempre lhes correu nas amargas veias.
Sendo assim, pululam de coração em coração á procura da próxima vitima a quem se possam declarar em passeios nocturnos ou em ambientes laborais através de meia dúzia de palavras rasuradas que têm tanto significado para eles como o resultado das eleições legislativas para quem se abstém.
" Não te quis magoar nunca" repetia qualquer um deles, sem dúvida. No entanto, espezinham sempre que a ocasião lhes proporciona um coração que teima em pulsar por entre cicatrizes e laivos de sangue..
" As coisas não têm que mudar" ... ah, não? Por que não se já mudaram tanto? Os rios mudaram de leito e dirigem-se para o mar com tanta velocidade que nem a força de mil excessos seria suficiente para os travar...
Chego ao fim cansada, exausta e a concluir apenas que o amor não existe. É tudo uma grande treta!! Ou então só existe para as raparigas de cabelos ondulados e saias ao vento ou ao sabor da maresia.
A chuva começa a aumentar de intensidade lá fora... No vidro embaciado escrevo com cansaço retorcido o teu nome que tanto me atormenta. Mas que importa isso tudo agora? Estás em outros braços...
Fecho as persianas e tento esquecer que tu e eu existimos um dia.

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