sexta-feira, julho 27, 2007

Sobreviver


Será demais dizer que te amo? Não sei. Sinto agora que afinal nunca amei ninguém. O que sinto agora por ti é diferente, completamente diferente do que já senti. Dou por mim a pensar em ti, mesmo sem querer. A sonhar com o estar contigo, com o ver-te, cheirar-te, tocar-te. Parece-me tudo tão longe. E é essa mesma distância que faz esta sensação crescer. Vejo-te noutras pessoas. Pessoas que me estão mais próximas, pessoas essas que podem ser minhas. Ao contrário de ti. Não me vês como eu quero que me vejas. Nunca verás. Resigno-me assim a sonhar. Sonho que talvez um dia… Talvez nesse dia… me vejas. Talvez nesse dia repares em mim. No que sinto por ti. Acho que sim, que isto é que é amor. Estou preenchida por ti. Pelo meu amor a ti. Olho para ti e fico assim. Horas. Horas a admirar-te, a reparar em todos os pormenores da tua face, do teu corpo, dos teus gestos. Quero absorver tudo o que possa haver de ti. Tudo o que possa ter mesmo sem te ter a ti. Alimento-me assim destes restos, do que me permites ter. E sobrevivo. E o amor que nutro por ti sobrevive qual erva daninha que cresce, cresce, cresce. Nunca hás-de gostar de mim, nunca me hás-de amar. Mas eu sonho. E sobrevivo assim.

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