Recordo-me como se tivesse sido ontem... O dia em que nos conhecemos.
Entrei naquela sala fria e húmida, quase que deslocada por não conhecer ninguem... e ali estavas tu. Fixei-me nos teus lindos olhos azuis que iluminavam a sala e toda a minha existencia. De repente, fazia sentido estar ali, naquele momento, rodeada por duas duzias de pessoas que subitamente deixaram de existir.
E sorriste... tens um sorriso que me fascina, sabias? Acho que nunca te disse, mas o teu sorriso faz-me feliz. Faz-me sorrir, logo eu que não gosto nada de sorrir. Mas tu ensinaste-me a faze-lo mesmo sem eu querer.
E de um dia para outro, ficámos amigos. Eu, tu e mais duas pessoas que desconhecia desde que estivesses comigo. E abraçavas-me, fazias piadas das quais apenas eu rio, desabafavas comigo, passavas horas a fio comigo, mesmo quando eu sabia que teu pai esperava por ti e ia se chatear contigo... mas tu dizias não te importar, pois gostavas da companhia. E eu fingia que nada disto mexia comigo, que não começava já nessa altura a te amar mesmo sem qualquer tipo de contacto profundo entre nós os dois...
E lutava,lutava contra mim própria, não queria aprender a gostar de ti, refugiava-me em paixões ilusórias, mesmo quando estavas lá para mim, quando abrias teu coração e me contavas todos os teus medos, sonhos, receios e anseios...
E naquela noite fria de novembro, as horas passaram a correr... sentados no portal frio da minha habitação, fixei-me nos teus lindos olhos e só me apetecia tocar teus labios com os meus. Mas o medo falava mais alto. Apenas estar a teu lado, ouvindo tua voz, acalmava minha trémula alma. Tinha frio e disse-to. Gentilmente, tiraste o teu pullover azul escuro que tantas vezes aquecia tua pele e deste-mo. Cheirava tao bem... tinha impregnado o odor que tanto amava, o teu!! E vesti-o, desejando nunca mais ter que o tirar!! Nem que fosse apenas o teu odor colado a mim... Sabia tão bem!!
Sei de cor os dias em que te via, quando comecaste a usar oculos, lembras-te? Quando me diziaS para me sentar no teu colo e abraçavas-me com a força de quem sabia que o mundo iria acabar... E ficavas minutos sem fim repousando tua cabeça no meu ombro, pedindo para ficar ali até tudo terminar... E eu afastava-te, não porque não te quisesse, mas por ter medo de te amar mais do que agora sei que amava...
E ao fim de três curtos anos... perdi-te. E chorava a cada dia por não saber onde te encontrar... Procurei desesperadamente, e cada dia pensava um pouco mais em ti.... só em ti. Procurava-te em cada rua, em cada loja, cada sonho... mas não estavas lá. Tinha te perdido e chorava sem ninguem saber que sentia tanto a tua falta, porque sempre o neguei. Sempre neguei que te amava.
Até que, num dia como outro qualquer, volvidos cinco anos e meio, assim do nada, surges tu, mandando mensagem para o email, dizendo que ainda te lembras de mim e que esperas que esteja tudo bem comigo. Euforica, tentanto controlar meus impetos, peço-te uma forma de contacto, a qual me cedes prontamente...
Apos ver-te no meu local de trabalho, já este ano, não resisti a convidar-te para café... queria voltar a falar contigo pessoalmente, ouvir o quanto a tua voz havia mudado, os sentimentos, as atitudes...
E conversamos durante cinco horas que me pareceram cinco minutos... sobre pessoas, sobre o que te ia na alma, sobre o que nos tinha acontecido naqueles cinco anos de ausencia mutua, sobre almas gemeas, sobre amor e sexo... e eu sentia que podia confiar em ti como sempre havia confiado!!! Sentia que me conhecias como mais ninguem e que podia contar-te tudo o que havia para contar!!
E não resistimos... naquela noite gélida de fevereiro, fizemos amor como sempre ansiámos... aquele tipo de amor pelo qual esperávamos há nove longos anos, aquele que sempre quisemos. Amámo-nos, e acredito piamente que, depois daquela noite, nada voltou a ser o mesmo.
Por entre avanços e recuos, medos e hesitaçoes, confirmo-te silenciosamente que, aconteca o que acontecer, amar-te-ei eternamente e nunca, mas mesmo nunca, deixarei de lutar por ti...
" Se não te quisesse, não ia onde fosse preciso por ti... pena que não o vejas."
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