Nós.

 

 

O tempo urge. Mas não é tarde demais para ti, nem para mim, nem para nós. Queres saber qual a palavra que mais gosto? Que podias sussurrar ao meu ouvido infinitas vezes e que nunca me cansaria de ouvir? Adivinha. Nós. Nós. Nós. Nós. Já pensaste nisto que vou dizer a seguir? Tu que tantas vezes perguntas quais são os meus pensamentos. Eu tento explicar da melhor maneira que consigo, da forma mais extraordinária que posso no meio desta atrapalhação toda de que sou feita. A palavra nós somos tu e eu, certo? Quando te digo que gosto de nós, que nós somos bons juntos, que nós me faz ser uma pessoa melhor, é isso mesmo que quero dizer. O nós ajuda-me a ser mais feliz, não que não o seja por mim própria (porque sabes que o sou) mas a tua presença torna tudo ainda mais bonito. Mais calmo. Mais tranquilo. Mais certo. Mais equilibrado. Mais. Torna tudo o que existe em mais, incluindo a mim. E ao mesmo tempo quando digo nós e atrevo-me a juntar a tua presença á minha, a palavra nós significa apenas o nosso mundo. Um mundo de extrema confusão e eu ainda vou a meio. Quando falamos em nós falamos em laços, mas não daqueles que apertam e sufocam. Um nó livre, leve e solto quando me ouves contar como foi o meu dia, quando repousas o teu olhar no meu e eu desvio a face envergonhada por estar perdida em ti, quando sei que poderia passar horas a ouvir as tuas experiências e histórias sem querer descansar o coração fora do peito; outro nó quando sinto o aroma do teu perfume, mais um nó quando sorrimos um para o outro, mais outro nó quando as nossas gargalhadas se misturam uma na outra e perdemo-nos dentro delas. Promete-me que não estou sozinha dentro deste nós, jura que é verdade que queres a minha companhia e que aprecias a minha entrega desmesurada. Só mais um nó quando percebo quão inteligente e perfeito tu és, outro nó quando te noto a ternura no olhar.  Nós, nós, atrás de nós. Sabes que é assim que tem que ser. Atar, atar, atar sem nunca (des)prender. E não, não há promessas de eternidade para te fazer, nem tu a mim. Não é preciso. A única maneira de isto resultar é atar. Nós. Eu e tu. Laços. Corações idênticos como os nossos. Não é tarde, diz o relógio. As horas vão longas, mas não é tarde. Vamos atar. Nós.