terça-feira, maio 11, 2021

Centelha de amor.

 

 

 

Acordo sabendo que é um erro voltar a entregar-te em mãos as minhas palavras. Os sonhos em que recordo o teu semblante já não são suficiente para alimentar um coração cansado de esperar. E recordo as angústias de amores passados, lembrando-me com pesar das alturas em que dei tudo de mim mas a felicidade nunca quis permanecer. Tudo o que amo passa por mim demasiado depressa. E eu sinto-me pequena, insuficiente e perdida por pertencer cada vez mais a ti. Atravesso com cuidado campos minados na tentativa desesperada de chegar a ti e impedir simultaneamente que o meu coração em forma de granada exploda de mim para fora. Arrisco-me tanto para tentar que sintas uma centelha de amor igual ao que me consome e sinto-me frustrada sempre que a reciprocidade passa por mim de raspão. E é na escuridão da noite, sempre que as luzes se apagam e a solidão me abraça, que eu sinto o quanto perdi. Não saber o que pensas, onde estás ou em quem a tua alma encosta é a derradeira tortura. Sei que querer-te assim desmesuradamente é um enorme erro quando estamos tão complexamente danificados, mas eu sinto que seria capaz de reconstruir-nos aos poucos se estivéssemos próximos, com os corações colocados no peito um do outro. Sentir de longe nunca será real o suficiente.

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