sexta-feira, agosto 14, 2020

M.

 

 Senti amor e muito, não nego. Apaixonei-me perdida e irremediavelmente pela imagem que o meu coração tinha de ti, qual ilusão perfeita de um homem lindo, inteligente, com sentido de humor e com sensibilidade que me jurava sentir entre nós uma ligação intensa e brilhante. O meu coração quis tanto acreditar que era possível seres assim que permiti que a minha mente fosse arrastada por ele. Sei que deveria ter ouvido a voz da razão, aquela mesma que dizia-te que não era possível alguém como tu sentir em mim um porto de abrigo. No fundo do meu ser eu sei que estava a falar com o meu coração que teima em ser ingénuo. Ninguém como tu poderia querer ter sonhos e projectos comigo, pensar muito em mim, querer-me para sempre na sua vida ou sentir que teríamos sido feitos um para outro. Era bom demais para ser verdade, e foi. Dizes que não fiz nada de errado, mas mentiste-me. Claro que errei! Errei ao confiar em ti, errei em permitir que trespassasses as muralhas que construí com metros de altura para evitar que seres desprovidos de sentimentos como tu me magoassem. Disseste todas as palavras certas a um coração cansado de errar e eu caí sem rede, confiando que irias estar lá para me amparar a queda. As tuas palavras ainda ecoam na minha mente, as tuas promessas continuam a deixar as lágrimas percorrerem-me a face e a noite é sempre demasiado complicada. São nestas horas que releio as tuas palavras vezes e vezes sem conta, tentando perceber onde errei. E espero em vão que venhas dizer que enganaste-te, que não querias partir-me o coração, que não querias fazer com que eu sentisse a alma suja, que não é verdade que dizes as mesmas palavras a milhares de outras pessoas desde que sintas desejo puro e cru. Não é justo eu ter sido a tua mais recente vítima e ninguém ter sido capaz de avisar o meu amâgo que eras assim, um assassino cruel e insensível. Porquê eu?

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