sábado, outubro 14, 2017

Na memória do passado.


Olhaste para mim (com um olhar que nunca antes tinha visto e por instantes, nem reconheci) e disseste-me com uma frieza impregnada na voz : "Nós ficámos na memória do passado.". Engoli a mágoa e sorri, fingindo que concordava com a tua visão da nossa história. Nunca pensei que fosses desprovido de qualquer sensibilidade senão naquele momento. Claro que trocámos ofensas e injúrias ao longo dos anos que me magoaram mas apenas por breves instantes. Perdoei sempre e qualquer falha, permanecendo a teu lado sempre que precisaste de mim, porque apesar de não saberes, eu ainda precisava mais de ti (acho que ainda preciso mas não digo a ninguém). Em altura alguma dos nossos momentos intermitentes, tinha sido rejeitada. As tuas palavras, memória e passado, enterraram todas as esperanças que ainda restavam dentro de mim. Após séculos contigo, eu deveria saber melhor, mas sempre pensei ser a excepção e o calor que chegava ao teu coração. De todas as vezes que me desiludiste, a dor partiu-me mas sempre arranjei maneira de voltar a ser inteira por ti. Mas como serei capaz de sobreviver á rejeição? Já nem me lembro do som da tua voz e as tuas palavras desvaneceram-se com o vento. Sou o que restou depois da tua partida. 

E se me perguntarem se alguma vez amei-te? Direi que nunca cessei.

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