terça-feira, agosto 01, 2017

Caixa de música.

Guardei o meu amor por ti numa caixa de música e esqueci-me, propositadamente, onde deixei a chave. Se esquecer onde escondi os meus sentimentos, talvez um dia o meu coração cesse de perguntar por ti a cada instante. E, mesmo que o meu peito sinta-se apertado pela saudade desenfreada que se agarra a mim, eu vou fingir que nunca senti esta destruição inexplicável que aos poucos vai matando-me por dentro. Há dias que abrir os olhos torna-se demasiado doloroso, só por saber que as tuas palavras correm noutra direcção e que os teus braços estão, enquanto eu choro, a enredar uma outra alma no teu corpo. Nos dias mais calmos, eu sorrio, calo a voz teimosa do coração e esqueço o teu nome, o teu odor inebriante, a cor dos teus olhos e a tua voz. Depois lembro-me da maldita chave que não consigo olvidar onde deixei e volto a abrir a caixa de música, deixando-me inundar pelos sentimentos que queria deixar no passado. E volto ao ínicio do processo de esquecimento, tendo de guardar novamente tudo o que nunca consigo desprender de mim, fingindo que não deixei uma parte de mim, a que insiste em amar-te apesar de tudo o que me fazes sofrer, encarcerada longe do meu coração. E sorrio por entre lágrimas, dizendo a quem perguntar que estou bem ( mas não estou).

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