domingo, julho 09, 2017

Borboleta.



 "Se as borboletas vivem tão pouco, porque é que a que vive por ti ainda resiste?"

No silêncio em que me perco todas as noites, admiro as ruas imóveis que existem sem o ruído do mundo. E eu faço-me adormecer na tristeza em que me embalo, nos sonhos que persistem dentro de mim, entrelaçados nas memórias que afundaste no meu ser. Aguardar a chegada do sono é inquietante porque é como se aguardasse por ti, sendo os meus sonhos a única forma que tenho de rever-te. E a minha vida continua, todas as noites e dias como se alguma coisa fosse mudar: como se eu esperasse ansiosamente que tu acordasses de repente e percebesses que era ao meu lado que querias estar. Eu revejo-nos demasiadas vezes nas almas que me rodeiam e pergunto-me como seria se tivéssemos sido nós naquelas circusntâncias; como me sentiria se tivéssemos conseguido ser apenas um e não duas metades sobrevivendo. Eu minto diariamente, não apenas a quem me pergunta por ti, mas ao meu coração triste e sofredor, que ainda palpita ao ler cada palavra tua ( mesmo que decida permanecer sempre em silêncio). É cansativo, sabes? Fingir que nada sinto, seguir em frente como se algum dia fosse possível esquecer-te ou aprender a desamar-te. Ninguém sabe como é exaustivo dizer que o amor por ti morreu e fingir que não me mata lentamente saber que jamais voltarei a embriagar-me nesses sentidos que me ensinaste a sentir, na maioria das vezes, contra a minha própria vontade. Se eu soubesse como silenciar a borboleta que dentro de mim, sussurra o teu nome a cada instante, acredita que o faria num piscar de olhos.

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