quinta-feira, maio 07, 2015

Tentativas de amor.


Sempre soube que todas as tentativas de amor resumem-se a este vazio. Uma incerteza de não saber como ausentar a dor de um coração ferido, aliada á probabilidade quase certa de que todas as formas de sentir provocam a mesma desilusão. Porquê, então, apelidar de amor um sentimento que causa, exactamente, o oposto do que os poetas dizem ser? Não deveria ser algo que causasse somente uma sensação infindável de plenitude? Que preenchesse de calor o teu coração? As palavras que guardo agora dentro de mim recordam-me apenas de como o amor é nada mais que (des)ilusão, uma fabricação de mentes febris, numa tentativa de ludibriar os ingénuos. Um coração despedaçado de vocábulos ardilosos, uma agonia extrema e imensa, uma dor que me impede de dormir sem que as tuas palavras me atormentem, uma sensação tremenda de que os dias seguintes serão escurecidos por uma angústia ampliada e um desamparo contínuo. Será isto o amor? Nesta minha busca inconsciente, no entanto, incessante, encontrei apenas palavras sem sentido, pequenos gestos que pareciam ser tudo e estavam repletos de nada, corações preenchidos por vontades passageiras e vazios de sentimentos, nada que me fizesse acreditar. Todas as formas de amor só podem ser isto, esta infelicidade colada á minha alma, um passar do tempo que se arrasta através de mim, um aperto do coração nas tuas mãos cruéis.  Destruíste todas as  forças que me faziam acreditar que havia algo mais, algo que fizesse a minha existência fazer sentido. Eras tu quem era desprovido de um coração que batesse por um outro alguém e esculpiste-me á tua imagem quando me aniquilaste. Possuímos ambos, agora, um espaço vazio no lado esquerdo do peito e nunca fomos tão diferentes. Mesmo sem um coração que bata em nome do amor, jamais serei capaz de torturar, dilacerar e extinguir a vida de alguém que ainda acredite, tal como me fizeste.

1 comentário:

Joyce Gomes disse...

Sou apaixonada por teu blog. :)