quarta-feira, outubro 29, 2014




'Quantas facas tem o teu não? Como uma puta de uma desesperada aqui continuo, à espera de que venhas, à espera de que digas “amo-te”, à espera de que digas ”amo-te e sempre te amei e vou amar-te para sempre”. Mas a única coisa que é para sempre é o que acaba. Acabou-se e é para sempre. Para sempre sem o sabor do teu beijo outra vez, para sempre sem o “estou-me a vir” do teu toque outra vez. O que nunca acaba é amar-te assim. Quantos homens serão necessários para me esquecer do teu abraço? Sou uma mulher desejável. Sei que sim. Sei que os homens passam e olham, e eu passo e eles olham, e que nunca o meu corpo restará só, sem a presença de corpos para conhecer. Mas nenhum corpo cancela o teu, nenhum cheiro me impede da memória do teu, braços nenhuns me apertam com a forma do teu abraço. O que mais me custa é saber que exististe. E que depois de te querer assim o que me resta é ser querida. Resta-me encontrar o que mais me ama depois de ter perdido quem amo.'

Pedro Chagas Freitas, in 'Prometo falhar'

1 comentário:

Raquel Pires disse...

O meu coração em mil pedaços depois de ler isto... obrigada por partilhares aqui.