quarta-feira, outubro 15, 2014

O primeiro amor nunca se esquece.



Olhei, relutantemente, a folha do calendário já gasto que marcava a data presente. Transportei-me, sem querer, para aquela altura em que a inocência transpirava das nossas peles e ausências prolongadas eram uma realidade distante. Deparei-me com imagens que, embora tente constantemente, não consigo apagar da minha mente. Revejo então a forma como as tuas mãos entrelaçavam-se nas dela enquanto o seu olhar de fúria queimava-me de culpa e vergonha desmesurada; o olhar que nela depositavas e sempre fui incapaz de conseguir que fosse da mesma intensidade em relação a mim; a forma como falavas nela e o teu olhar iluminava-se e como eras a personificação de felicidade sempre que o nome dela era pronunciado. Vi-te, uma vez mais, chorares no meu colo lágrimas de uma tristeza imensa quando ela abandonou-te e eu nada pude fazer além de ouvir-te ao mesmo tempo que escutava meu coração despedaçar-se. Admiro, com nostalgia, uma vez mais, o espaço arbóreo  junto ás íngremes escadas onde partilhámos segredos, amparámo-nos mutuamente e rimos de coisas sem sentido... mas sempre que ela aparecia, nada mais parecia importante para ti e eu sabia, bem no fundo, que nunca poderia competir com esse sentimento que te consumia desenfreadamente. Esses tempos acabaram e a vida levou-nos por outros rumos que nem eu nem tu escolhemos ou quisémos, mas as memórias desses momentos perduraram na mente e principalmente, no coração. Passaram meses, anos, décadas, e eu tentei sempre igualar-me a ela e conquistar o teu coração da mesma forma irremediável que ela conseguiu, estando sempre presente mesmo quando não me pedias mas o teu olhar sim; no entanto, por mais que tenha tentado durante dezassete (longos) anos, dizem que não existe amor como o primeiro, e embora eu te tenha dado o melhor de mim exactamente por seres o amor da minha vida, nada consegui, precisamente porque assim como foste o meu primeiro amor, ela foi o teu... E o primeiro amor nunca se esquece.

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