sexta-feira, setembro 05, 2014

Deve ser amor.


Volto sempre e irremediavelmente a sentir esta necessidade intrasponível de resguardar-me no meu casulo e gritar ao meu coração que não vou precisar de ti numa outra noite como esta. Juro a mim mesma, sussurrando as palavras uma e outra vez, que não voltarei a ser menina frágil e carente a ponto de   sentir este amor que me faz precisar de ti desta forma desesperada e permitir que as lágrimas se apoderem de um peito cansado. Prometo ainda, que a saudade não voltará a ser minha amiga de ocasião e fazer-me implorar pela tua presença quando tudo o que o coração recorda são os teus olhos brilhantes perdidos nos meus, o teu odor inconfundível miscigenado com o meu numa dança de sensações, o teu abraço que não quer largar-me e os teus suspiros (ou seriam os meus?) a afagar a maldita saudade que insiste em rodopiar nos nossos ventres. E só poderia mesmo ser amor, só o teu toque na minha alma faz-me estremecer e perceber que se doí e destroi tudo desta maneira desolada, apenas para numa estranha forma de catarse ser a dor mais doce a magoar-me as veias, a adoçar-me os sentires, a suplicar por mais um beijo teu, é decerto esse penoso sentir. Se não sentisse este amor a queimar-me a pele, se não permitisse que a tua ausência personificasse trezentas e poucas formas de loucura, não serias decerto saudade e muito menos a dor que amo ser.

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